"Aceita tudo o que te acontecer; na dor, permanece firme; na humilhação, tem paciência. Pois é pelo fogo que se experimentam o ouro e a prata, e os homens agradáveis a Deus, pelo cadinho da humilhação" (Eclo 2. 4-5).
Um grande desafio para o homem é saber esperar com paciência. O homem, por si mesmo, quer fazer tudo com as próprias mãos, do seu jeito e no tempo que deseja. Nós temos, por natureza, essa característica: a de querer ter sempre o controle de tudo para que nada nos seja desfavorável. Mas a nossa paciência deve ser constantemente trabalhada na humildade.
Querer ter o controle de tudo pode, de repente, nos tornar assoberbados. Quando nos encontramos no comando de alguma situação, nos sentimos poderosos e o nosso coração se enche de orgulho próprio, que não é fácil de largar. Às vezes, o descuido e a falta de exame de consciência nos fazem achar que estamos sempre certos e não queremos nos convencer do contrário.
Contudo, quando isto acontece, temos a tarefa de vencer as barreiras construídas pelo orgulho e ir de encontro à reparação do erro e/ou à reconciliação com a pessoa a qual ferimos inconscientemente. Mas nem sempre tudo funciona como deveria. Algumas pessoas simplesmente não conseguem porque têm vergonha de serem humildes. Por isso, muitas discussões e sofrimentos são prolongados e momentos alegres, adiados.
A injustiça nunca está longe do orgulho. E Deus nunca está longe do humilde. Tudo isso consiste em luta pessoal. Não trabalhar nossos defeitos é sinônimo de sofrimento e este, se estenderá também àquelas pessoas que convivem conosco ou que, de uma forma ou de outra, se importam e nos amam.
Assim, o orgulho de uns vai exigir paciência de outros. Essa paciência pode ser muito dolorosa, quase insuportável. A vontade de desistir de esperar e agir novamente por nós mesmos, é constante. Mas quando nos deixamos nos guiar por Deus, Ele mesmo nos ensina a sermos pacientes e Se encarregará de, no tempo certo, desvendar os olhos dos orgulhosos.
“No coração puro e humilde reside Deus, que é a própria Luz, e todos os sofrimentos e adversidades existem para que se manifeste a santidade da alma” (Diário de Santa Faustina, 573). A humildade e a paciência tornam-se apenas conseqüências para aqueles que estão em comunhão com Deus e por mais que tudo pareça estar contra eles, suas agonias não duram muito tempo, logo esvaem-se porque o Senhor os dá a força de suportar as injustiças e as irritações. Ele vai ao socorro dos que O amam sinceramente e como num milagre, os consolam no mar de Sua Misericórdia.
Todo tipo de maldade, tudo aquilo que nos faz sofrer, põe à prova a nossa fé. E o que importa pra Deus é o quanto nós confiamos e esperamos Nele apesar das contradições e das dificuldades da vida.
Esperar em Deus. Confiar em Deus. Eis o grande desafio!
Lívia Simões